quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Morrer? Como Assim?


Sempre ouvi essas expressões: "Morrer pra mim mesmo", "crucificar minha carne", " matar meu EU", mas nunca elas fizeram tanto sentido pra mim como agora.

Estou lendo O Homem Espiritual, de Watchman Nee, e cheguei em uma parte que ele fala sobre matar a carne. Engraçado é que ele é radical demais ( uma marca de Nee) quando diz que a nossa carne nunca se regenerará. Ela é incurável. Ele diz: - Não tente ensinar a carne, não tente converter sua carne, crucifique-a, mate-a! Quando li, logo me choquei, pensei: Watchman, não dá pra continuar a leitura, minha carne é crente sim! De repente, uma amiga manda um vídeo pra mim de uma entrevista com a Ana Paula Valadão, na qual ela fala sobre sua dura experiência quando pensava que seu ministério tinha acabado quando foi morar nos EUA, sobre comentários a respeito do fim do Diante do Trono, etc. Um momento marcante é quando ela fala que o Senhor falou que era um tempo de morte na vida dela pra que outras coisas se levantassem e depois, ela mesma ressucitasse ( claro, não no sentido literal, vcs sabem né?). Aí, de repente, meu esposo, Davi, trás um texto do seminário que falava sobre como os filósofos viam o suicídio.

Tudo girava em torno da morte. Que horror!

Voltei a pensar em Watchman Nee e sua conversa sobre a morte da carne.

Realmente, a carne deve ser subjugada. Totalmente subjugada.

Quando falamos em "carne", alguém pensa logo em sensualidade, desejos obscenos desfreados, etc. E isso é carne sim! Mas, vamos enveredar pra algo mais latente que nem sempre reconhecemos como fruto da carne. Nossas razões, nossos sonhos, nossas convicções, nossa interpretação a respeito de alguma promessa de Deus, nossos projetos mirabolantes, nossas proridades, e por aí vai....

Um exemplo claro de quanto somos carnais é a nossa inconstância na santidade, na oração, no jejum e na Palavra. Ora estamos santos e ora estamos profanos. Ora conseguimos orar naquele mesmo horário todos os dias, ora estamos envolvidos em outra atividade. Ora perdoamos, ora nos vingamos. Ora cremos, ora duvidamos. Ora esperamos, ora agimos precipitadamente. Ora somos humildes, ora somos as pessoas mais soberbas do mundo.

Carne.

Para o chinês Nee, carne é o corpo com as concupiscências da nossa alma.

Concupiscência, em minhas palavras, é a nossa tendência pessoal para o pecado, para a sensualidade. Sensualidade é o culto aos sentidos, aos desejos. Cada um tem sua própria fraqueza, portanto, sua própria tendência para o pecado. O contrário de sensualidade é santidade.

Quando páro pra pensar em morte da carne, me dá um certo cansaço porque sei que é um processo doloroso que não nos engrandece diante deste mundo, a cruz nos "apaga" do mundo. Inclusive, o mundo olha para nós como se fóssemos idiotas. A cruz nos aumenta pra baixo. Pode ser que depois de um tempo, Deus nos exalte diante do povo, mas isso não é uma garantia, vai depender da vontade dEle. É só você se aproximar de Deus, é só começar a orar aí já começam os pensamentos de "estranheza" aos valores deste mundo.

Enquanto escrevo, escuto uma pregação de um Pastor do Ministério Ouvir e Crer que está me tocando bastante. Ele discorre sobre a oferta de Caim versus a oferta de Abel. Deus recebeu as duas ofertas, mas a de Abel o agradou. Abel agradou a Deus com seu coração limpo, sem sensualidade. Quantas vezes minha oferta é movida pela sensualidade? quantas vezes fazemos coisas "pra Deus" e não estamos em nehum momento preocupados com a aceitação de Deus? Quantas vezes a Igreja deixa de ser um tabernáculo e passa a ser um compromisso semanal que tenho que cumprir para sair dali mais leve ou rever pessoas?

Que Deus tenha misericórdia de nós!

Agora tem um detalhe: Será que Deus existe mesmo? Será que Deus se importa que façamos as coisas bem certinho mesmo? Será que a Bíblia é esse livro sagrado que o Cristianismo diz ser?

Essa geração está diante de uma grave turbulência: A vulnerabilidade da fé.
Isso já é resultado do Cristianismo sem morte.

Nossas igrejas, a começar pelo altar, estão cheias de concupiscências e ninguém tá nem aí pra isso.

Eu peco; Tú pecas; Ele peca; Nós pecamos; Vós pecais; Eles pecam;

E todo mundo se cala. E todo mundo se ferra. Uma Igreja de "araque". Sem poder ( mas com muito barulho e ativismo), servindo de comédia grátis no inferno.

Não me ausento de tal imbróglio. Somos todos pecadores pela natureza herdada de Adão. Mas o temor a Deus nos faz vencer a nossa própria natureza. A morte da carne sugere exatamente isso! - Mate sua natureza adâmica, diz Watcman.

Mate seus desejos obscenos. Mate sua curiosidade pela vida alheia. Mate sua vaidade de querer aparecer mais que os outros. Mate sua preguiça de fazer a obra de Deus. Mate seu ciúme. Mate sua inveja ridícula que você faz de conta que não vê. Mate sua ira. Mate sua Ministeriolatria ( super valorização do próprio ministério). Mate sua crendice extra-bíblica que não acrescenta em nada o Reino de Deus. Mate seu evento realizado só pra ganhar dinheiro e mobilizar a massa. Eventos que não causam impacto nenhum. Mate seu imediatismo. Mate sua arrogância. Mate sua língua torpe.

Oh, céus! Como é difícil morrer não é? Cansa só de falar.

Porém, quando conseguimos ultrapassar a linha que separa a alma do espírito, a sensação de vitória sobre a morte é impressionante. Estou nesta peleia. Já desfrutei de níveis melhores, e hoje luto contra meu próprio ativismo para manter a Glória de Deus na minha vida. Não quero confundir a obra de Deus com a presença de Deus.

Morramos pra viver! E viver abundantemente!

sábado, 24 de setembro de 2011

Sensação de Inadequação

Depois de um hiato (até grande demais pra mim) na minha costumeira vida de Oração-Jejum-Palavra, voltei - graças a Deus - a buscar como preciso buscar. Pela responsabilidade que tenho como levita, formadora de opinião e, sobretudo, uma ativista pró-evangelho e combatente espiritual, é óbvio que preciso dedicar um tempo extra-normal para atvidades que exercitem meu espírito e me torne mais sensível para receber o que vem de cima.

Um hiato de mais de um ano. Desde que conheci meu esposo, em Janeiro de 2010, fiquei como todo apaixonado fica: nas núvens. Foi um tempo necessário para nós dois e, engraçado, nós dois diminuimos nossos ritmos e agora, juntos, estamos voltando ao nosso ritmo de antes. Eclesiastes 3. Tempo. Dispensação. Quando então, estamos orando, lendo, jejuando com uma certa frequência começamos a desenvolver o que eu chamo de Sensação de Inadequação. Tudo o que é estrando à Palavra passa a ser reconhecido pelo seu espírito como "estranho", "equívoco". Logo, você passa a estranhar suas próprias atitudes "estranhas e equivocadas"; Logo, passa a se achar um palito fora da caixa, estando cercado de pessoas e convivendo em plena atividade com o sistema de regras ditado pelo deus deste século. Esse sistema está em tudo. Igreja, família, casamento, relacionamentos, negócios, futuro, dinheiro. Para toda área de atuação humana, Satanás tem um código de regras que nem sempre percebemos. Tudo para roubar nosso tempo, nosso temor a Deus, nossas convicções, nossa paz, nossa segurança, nossa serenidade, etc. A "cultura do equívoco moral" passa a fazer parte da sua vida sutilmente através de todo meio de comunicação e das tribos sociais. Eu mesma, absorvo rápido a linguagem e os hábitos de alguém que passo a conviver. Imagina como é difícil estar no trabalho, na faculdade/escola, saindo todos os dias e estando expostos aos out-doors, músicas, teledramaturgias em geral, e não absorver a cultura espalhada pelo nosso acusador.

Que cultura é essa?

Cultura das meias-verdades;
Cultura do ativismo exagerado;

Cultura do relativismo ( cada um tem a sua verdade);

Cultura da diversidade sexual;

Cultura do racionalismo ( até o que é sobrenatural tem que ser explicado racionalmente);
Cultura do "sou humano, não consigo ser perfeito";
Etc.

Quando falo de meia verdade refiro-me ao hábito de esconder a verdade integral pra se dar bem, ou pra se livrar de uma confusão instalada pelo impulso humano. Quando falo e ativismo exagerado falo do excesso de compromisso que chega a comprometer as necessidades essenciais e vitais do homem. Quando falo de relativismo, estou lembrando de gente que justifica suas atitudes baseadas em sua própria verdade e interpretação ao invés de julgá-las de acordo coma verdade da Palavra e sua pura interpretação. Quando falo de diversidade sexual você já entende o que quero denunciar e ainda acrescento de pessoas que não chegam a praticar mas hospedam em sua mente os mais obscenos desejos, incluindo parceiros extra-conjugais. Quando escrevo racionalismo, aponto para quem acha que Deus tem a obrigação de explicar tudo que Ele fez e faz de forma racional - isso é enganar a si mesmo. Andar com Deus é saber andar na estrada invisível da fé e confiar na personalidade de Deus mesmo sabendo que Ele têm segredos. O Governo de Deus, me desculpe, é Teocrático - não democrático. Não existe democracia no céu, nem no Reino de Deus. Existe justiça, paz e alegria de espírito, mas o povo não manda, só obedece. Isso dói pra o orgulhoso e independente ser humano. Isso doeu em Lúcifer. E deu no que deu.Quando citei o trecho da belíssima música de Anderson Freire, interpretada pela Bruna Carla, não critico a expressão nem a canção ( que por sinal já até presenteei este CD ), mas discordo da educação que a frase pode proporcionar. A educação da imperfeição. Somos imperfeitos buscando a perfeição e não fracassados e vencidos pela IMpossibilidade da perfeição.


Bem, me sinto inadequada. Às vezes, cansada até. Mas o Reino de Deus é tomado a força. Não é fácil ser cristão. Me isolo como forma de proteger e me fortalecer quando estiver exposta.Veja que expressão linda abaixo:

"Não dando nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado; Antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo; na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda, por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama; como enganadores, e sendo verdadeiros; como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo, e eis que vivemos; como castigados, e não mortos; como entristecidos, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo, e possuindo tudo." 2 Co 6.3-10.

Só podia ser do Apóstolo Paulo. É um tipico caso de inadequação. A antítese usada por Paulo nestes versos é uma prova viva do paradoxo que ele vivia por não ser compreendido e aceito pelo sistema cultural de sua época. Mas ele também vomitava o sistema. Então estavam quites.

Eu também estou quite.

Saudade de Vocês.

Sarah.